Nessa sessão, será possível encontrar perguntas e dúvidas frequentes acerca do Bruxismo do Sono e de Vigília. O intuito desse espaço, voltado para o público leigo, é prestar esclarecimentos sobre uma condição que ao longo dos anos tem aumentado, tanto em prevalência quanto em severidade, na população em geral: o Bruxismo.
O que preciso saber sobre o Bruxismo?
Segundo a Classificação Internacional dos Distúrbios do Sono, 2005, o BS é considerado um distúrbio de movimento relacionado ao sono. É caracterizada pelo contato não-funcional dos dentes, que pode ocorrer de forma consciente ou inconsciente, manifestando-se pelo ranger ou apertar dos mesmos. Não é uma doença, mas quando exacerbada pode levar a um desequilíbrio fisiopatológico do sistema estomatognático.
Em virtude de sua prevalência e dos danos causados aos pacientes, seu correto diagnóstico é de grande valor para a elaboração de adequados planos de tratamento, que contemplam terapêuticas utilizando aparelhos e terapias orais, medidas farmacológicas e terapias comportamental-cognitivas.
Generalidades sobre o Bruxismo
Diagnóstico
O diagnóstico baseia-se principalmente na anamnese e exame físico, podendo ser utilizado exames complementares como a polissonografia. A anamnese deve contemplar a pesquisa da presença de sons produzidos pelo ranger ou apertar dos dentes, dor ou desconforto facial matinal, cefaléia, sensibilidade dos dentes a alimentos frios ou quentes e presença de fraturas dentárias ou de restaurações. O desgaste dos dentes, retração gengival e hipertrofia da musculatura mastigatória, podem estar presentes ao exame físico.
Já os achados polissonográficos encontrados nos pacientes com Bruxismo compreendem a atividade fásica ou tônica dos músculos masseteres ou temporais durante o sono, podendo ocorrer em qualquer estágio, sendo mais comum nos estágios I e II do sono não-REM. A arquitetura do sono geralmente é normal, porém muitas vezes há aumento dos micro-despertares, do número de mudanças de estágios do sono e da frequência cardíaca.
Mecanismo Fisiopatológico
Os mecanismos fisiopatológicos do Bruxismo são ainda desconhecidos, sendo considerados multifatoriais e, podendo-se citar influências da atividade do sistema nervoso central (SNC) tais como oromotoras, da regulação do ciclo sono-vigília, autonômicas e catecolaminérgicas, bem como influências genéticas e psicossociais. A presença de ativação eletrencefalográfica e cárdio-autonômica sugere que o Bruxismo do Sono é consequência dos micro-despertares.
É relatado que durante o sono leve, a maioria dos episódios de Bruxismo do Sono é observada se relacionando a curtos eventos cardíacos e cerebrais (3-15 segundos), chamados micro-despertares. A atividade muscular mastigatória ritmica é secundária a uma sequência de eventos relacionados aos micro-despertares no sono: o coração (aumento na atividade autonômica simpática) e o cérebro são ativados em minutos e segundos, respectivamente, antes do começo da atividade dos músculos suprahioídeos e, finalmente pela AMMR no fechamento da mandíbula pelos músculos masseter e temporal.
Prevalência
Tratamentos
– A placa oclusal parece ser uma alternativa de tratamento aceitável e segura em curto e médio prazos;
– Terapias comportamentais-cognitivas como psicoterapia, biofeedback, prática de exercícios físicos e mudanças no estilo de vida, que visem à redução do estresse, podem ser coadjuvantes no tratamento do Bruxismo;
– Tratamentos farmacológicos requerem a realização de novos estudos para avaliar efetividade e segurança;
– O BS continua a ser uma condição de etiologia complexa, associada a inúmeros tratamentos com prognósticos muitas vezes indefinidos. Assim, tratamentos conservadores, pouco invasivos e seguros devem ser os de primeira escolha, sendo o paciente assistido por uma equipe multidisciplinar, objetivando a restituição de sua qualidade de vida.
Fonte:
- Machado, Eduardo et al. Bruxismo do sono: possibilidades terapêuticas baseadas em evidências. Dental Press J. Orthod., Abr 2011, vol.16, no.2, p.58-64. ISSN 2176-9451
- Imagens: referências anexas e arquivos autorais
- Conteúdo autoral: Dr. Eduardo Machado – CRO-RS 16960